Eu não quero ser alguém melhor, eu quero ser A MELHOR!
Você já ouviu alguém dizer que tudo pode melhorar? Uma grande frase de positividade, mas, para algumas pessoas, essa ideia de que sempre existe a possibilidade de melhorar é assustadora.
A sensação de estar sendo vigiada por grandes olhos a persegue, calculando milimetricamente seu próximo movimento. Você acorda e passa um tempo escolhendo uma roupa, experimenta a última e se sente graciosa. No entanto, olhando de perto, talvez ela não chame atenção o suficiente para a ocasião, mas chega dessa perda de tempo! Você resolve fazer um café expresso, mas será que essa é a melhor forma de preparo para realçar o sabor amargo do grão? Definitivamente, deve haver uma maneira melhor.
Esse é o inferno cotidiano que uma pessoa, perseguida pela culpa imaginária de não conseguir performar sua melhor e mais perfeita versão, enfrenta. Essa atitude, guiada pela ansiedade, é mais comum do que se imagina e está sendo vivenciada por mim enquanto escrevo este texto. A sensação atordoante de que tenho um papel a cumprir ao escrever isso — o papel de ser a mais criativa, a mais poética, a mais escritora — me deixa louca. É como se eu precisasse reunir todas essas características entre os diversos escritores e escritoras que dão vida à imensidão que é a internet. Contudo, caso eu ainda não esteja louca, tenho certeza de que você já sentiu essa pressão em alguma área da sua curta, assustadora e extremamente complexa vida. Mas será que esse sentimento de buscar o melhor é apenas definido pela angústia? Tentarei expressar a dualidade dessa vontade de ser a melhor em dois segmentos: a face maléfica e a face benéfica.
A face maléfica do sentimento de competição para ser A MELHOR deve ser descrita como uma ladra que, aos poucos, rouba a satisfação do ser humano em entregar resultados medianos, completamente normais e, ainda assim, dentro do padrão de qualidade esperado. Uma ladra extremamente manipuladora, ela faz questão de que você escute os sussurros melodramáticos sobre a necessidade de ser William Shakespeare, caso escreva; Tchaikovsky, caso toque instrumentos; ou Monet, caso pinte.
Conforme o tempo avança, o sentimento de fracasso e a falta de produção ocupam todo o espaço. O momento de criação fica estagnado e intocável. Você sente conforto momentâneo, pois, sem existir uma obra para análise, o pior ou o melhor permanecem desconhecidos. Agora você está sem ânimo, impossibilitada de seguir em frente e, caso siga, cria uma obsessão tão grande pelos resultados que a obra, independentemente de seu valor, torna-se ruim, e você se torna ingrata pela própria vida.
A face benéfica é a capacidade de fazer uma limonada com os limões que a vida oferece, mesmo que sejam extremamente azedos. É interpretar a situação existente por outra perspectiva e utilizar seus defeitos a seu favor. Consciente da vontade avassaladora de superar competidores invisíveis, você pode tomar uma decisão: a de usufruir de sua extrema determinação e perfeccionismo para alavancar sua vida e avançar em seus objetivos.
Em vez de gastar energia em tarefas desnecessárias que não demandam competição, tente transferir seu potencial competitivo para atividades que realmente dependam de sua determinação e alta habilidade. Ao reservar sua energia para momentos que realmente importam, você potencializa seus ganhos e passa a competir em situações reais. O sentimento de doar todo o seu esforço e, ao final, receber uma recompensa — como uma promoção, por exemplo — é fundamental para manter a perseverança e um estado normotenaz.
Ou seja, ao direcionar sua competitividade para o lugar adequado, você pode evoluir outras habilidades que agreguem ao seu desenvolvimento pessoal. Assim, evita participar de cansativas lutas contra competidores invisíveis, cujo único resultado é o abandono de si mesma.
Agora, você acorda e escolhe uma roupa adequada para a ocasião. Sente-se graciosa, olha de perto e percebe que a roupa será perfeita para as demandas do trabalho. Sobrou tempo antes de sair, então você resolve preparar um café expresso. O sabor é o mesmo de todos os dias, mas isso conforta seu coração diante de uma vida movimentada e cheia de mudanças.
Dessa forma, você consegue mudar sua trajetória, transformando dias pesados em dias mais leves, que permitem o foco e o esforço em áreas que realmente exigem tamanha dedicação. Então, você toma o café, sente-se descansada e confiante. Ao chegar ao trabalho, torna-se produtiva. Você expressa seu esforço e habilidades, e eles são reconhecidos. Por fim, uma grande oportunidade surge e você finalmente consegue ser a melhor ao se tornar uma pessoa melhor.
Até a próxima xícara de chá, te espero as seis.
adoreiii!!! a necessidade de ser perfeita ME MATA!!
amg kkkkkk hj mesmo eu estava conversando com me macho falando que gostaria muito de ter feito jornalismo só pra aprender a escrever bem (queria ser boa aqui tbm) e logo após um fecho percebi que nos pessoas rígidas ( de acordo com a psicanálise ) não temos um minuto de paz mesmo, já estava pensando em apagar os meus textos porque não fui a minha melhor versão logo de primeira 🙂↔️